quinta-feira, 19 de maio de 2011

DES (A) PRENDER - UMA INTERAÇÃO DO ATUANTE COM O TREINAMENTO PSICOFÍSICO

 V CONGRESSO ABRACE - ISSN: 2176-9516 Criação e Reflexão Crítica. Local e Data: Belo Horizonte, UFMG, Campus Pampulha, de 28 a 31 de outubro de 2008. GT Processos de Criação e Experimentação Cênicas. Disponível também em http://www.portalabrace.org/vcongresso/resumostodos.html

Fonte: ANAIS DO

Cesário Augusto
Universidade Federal do Pará – UFPA
Treinamento, artes marciais, self-performativo.
Ao recorrermos a um paradigma, lembra o diretor russo Constantin Stanislavski
(1863-1938) que, ao ator, caberia envolver-se, em sua trajetória, com a perscrutação de seu
aparato psicofísico, no que chamou de “o trabalho do ator sobre si mesmo” (CARNICKE, 2000,
p.34), preconização na qual o corpo, voz, sentidos, emoções, atributos conscientes e atávicos
estivessem organizados em suas respectivas funções e estruturas, em um organismo prontificado
à expressão em cena. Estes atributos se tornariam predicados individuais organizados no âmbito
de processos espargidos, porém inseridos no organismo. A partir deste marco da imersão do
sujeito em seu cerne psicofísico, concebemos a possibilidade de diagnosticar e desenvolver
proficiências do atuante aplicadas ao fazer artístico “junto”, “frente” e “para espectadores”.
Este aprendizado ao aprendizado observa-se em afazeres actanciais inclusivos do
fenômeno espetacular, interligados ao apuro psicofísico e à imersão do sujeito em si, partindo
de si e em contínuo processo de (re) conhecimento sensorial. Ambiências como o estado de
“pré-expressividade”, “energia”, “agência” e “self performativo” instituem parte do bônus desse
trabalho de perscrutação individual. Por este meio, atuantes encontram, além das fases de leitura
do texto, laboratórios, ensaios e apresentações públicas, condições para uma rotina
sistematizada de exercícios, os quais aperfeiçoam o controle da mente-corpo na situação
performática, particularizando qualitativamente seu desempenho em cena.
Aqui, forçosa se faz a demarcação terminológica dos diversos modos de treinamento,
mercê do vínculo entre a operacionalidade e o discurso a ela procedente e dela derivado. Assim,
a “pré-expressividade”, conceito postulado pelo Teatro Antropológico após indagações, em
campo, de diversas tradições expressivas, consiste um estado de extrema fortificação de
funcionalidades neurológicas, musculares, rítmicas, respiratórias, ressonantes e ressoantes de
ondas catalisadoras da atenção sinestésico-cognitiva do espectador. O prefixo “pré”, neste caso,
não cessa quando da ocorrência da expressão, porquanto nela permanece, atualizando-se no
“copo em vida” do atuante, tornando-o, metaforicamente, a chama ardente que o leva, ainda que
transformado em cinzas, a ser potencialidade de risco, vibração, ilusão, estímulo, êxtase e
morte, ao mesmo tempo em que acena para o espectador. Eternizada na metáfora criada pelo
visionário Antonin Artaud (1896-1948), esta entrega absoluta, porque sem limites, despojada
efeitos virtuosos que não os oriundos do organismo: nada diz mais daquilo então jamais dito.
Destarte, tem-se por valia que a “pré-expressividade” se insere na negociação entre princípios
recorrentes a proficiências orgânicas inerentes e refinadas do sujeito que atua. De acordo com
Eugênio Barba e Nicolas Savarese, este nível sustentador da energia cênica viva relativa-se no
modo pelo qual o atuante, em sua presença cênica, atrai, tanto no sentido de evocar como no
sentido de não trair – a-trai –, imediatamente, a atenção do espectador (BARBA; SAVARESE,
1991, p.188).
Já por “agência”, Phillip B. Zarrilli entende a capacidade extraordinária de o corpo se
“tornar todos os olhos”, da precisa discriminação entre atenção e foco, quando do treinamento e
da apresentação expressiva. Para Zarrilli, a verificação deste estado conflui terminologia do
filósofo Michel Focault, quando o mesmo define “agência” como a capacidade de o indivíduo
manipular coisas (apud ZARRILLI, 2000, p.8) com a popular sentença indiana meyyu
kannakuka, segundo a qual o Senhor Bhrama, “aquele de mil olhos”, designa o patamar a ser
chegado pelo praticante da arte marcial kalarippayattu (id, ibid, p.19).
Por fim, definimos o “self performativo” como prolongamento do vigor psicofísico
obtido na prática regular do treinamento sistematizado (ALENCAR, 2003, p.203). Nesta
conquista, o self deflagra propensões expressivas, irrompendo uma conduta actancial vibrante,
ativada pelo atuante enquanto um observador o percebe. Se o vigor psicofísico organiza, no
sentido de tornar orgânico e organizar peculiaridades e proficiências psicofísicas, o “self
performativo” apresenta estas peculiaridades ao espectador, perceptíveis no limiar qualidade de
suas ações. Por se tratar de afronta de si consigo mesmo, o “self performativo” elege a
importância empírica de aprender a aprender, partindo-se da feitura, em oposição ao raciocínio
lógico repleto, antecipadamente, de porquês, como, para quê e aonde se chegará. Descartam-se,
aqui, análises anteriores ao fazer. Consumando, analogamente, o que Jerzy Grotowski
(1933-1999) denominara “transiluminação”, qual seja o fenômeno demarcado pela oferta, pelo
atuante, de todas as suas faculdades psíquicas e físicas, instintivamente, fazendo, dele mesmo,
uma dádiva manifesta e atualizada (GROTOWSKI, 1887, p.14), o “self performativo” interpõe
a atualização do presente no “intercurso perceptivo” (ALENCAR, op.cit.) com o espectador.
Obtido por meio do vigor, conforme dito acima, este modo de self, i.e., este modo de si mesmo,
verifica-se no engajamento do atuante com o momento, a despeito de quaisquer apreensões com
objetivos ligados ao um futuro mentalmente discursivo e, por conseguinte, inexistente.
Falarei do meio pelo qual o vigor, e posteriormente o “self performativo”, obtém-se por
rotina de treinamento psicofísico baseado nas artes marciais e meditativas do hatha ioga e
kalarippayattu indianos e do t’ai chi ch’uan, chinês, estilo wu. Descritas sucintamente de
acordo com meu aprendizado treinando sob a orientação do professor Phillip B. Zarrilli, as
referidas práticas foram por ele organizadas em treinamento psicofísico, mediante sua pesquisa
na região de Querala do Sul, Índia.
Define-se aqui, basicamente, a fim de situar as demandas inerentes a cada prática,
algumas características: o(a) hatha ioga indiano constitui série de posturas (asanas) e
respiração (pranayama) coordenadas movimentos seqüenciais regiões do corpo, como pernas,
braços, tronco e cabeça; o t’ai chi ch’uan wu chinês relaciona deslocamento, movimento dos
membros e respiração executados lentamente. Quanto ao kalarippayattu, originário na região de
Querala do Sul, na Índia, este inclui posições abstratas de animais executadas junto à seqüência
de saltos, chutes, giros e apoios ritmados em dinâmicas diferentes. Em comum, essas
modalidades excitam a região do plexo solar, ou baixo ventre, de onde um impulso interno,
gerado pela respiração, chega às extremidades do corpo e às cordas vocais. Credita-se a esta
região um lugar gerador da força flexível provida pela ausência de tensão dos músculos, a qual
promove, empiricamente, o vigor ou prontidão necessária ao domínio da expressão cênica. A
percepção do impulso vindo do baixo ventre é, assim, um dos bônus alcançados com o
treinamento. Uma vez encontrado e estimulado, o impulso torna-se premissa para desempenho
actancial rigoroso, em quaisquer estéticas. Percebido e fazendo-se perceber pelo vigor
psicofísico, o atuante desenvolve seu “self performativo”, vale dizer, sua aptidão para um
desempenho cênico controlado psicofisicamente.
Observe-se que, diferente da aplicação usualmente terapêutica e/ou calistênica do (a)
ioga e do t’ai chi ch’uan e de defesa pessoal e reverência a deidades inerentes ao
kalarippayattu, os procedimentos metodológicos de Zarrilli abordam estas técnicas como
instrumento fomentador do vigor para a interpretação teatral.
Sumarizando a presente escritura, a prática do treinamento evidencia, desta maneira, o
desaprender e o desprender de técnicas de atuação para, daí, aprender a aprendê-las.
_____________________________________________________________________________
Doravante, utilizarei o termo “atuante”, no lugar de “ator”, com o fito de designar o sujeito em trabalho,
emprestando a mim sugestão dos sociólogos e psicologistas Sarbin e Allen, segundo a qual o sujeito
atuante cumpre uma função e é por ela designado (1968). Daí, o atuante está atuando, enquanto que o ator
denota círculo mais amplo de significados, tais como função, trabalho, emprego, cargo e profissão.
Considero que, enquanto o atuante está sempre atuando, o ator atua quando, e somente quando, assim o
está.
Demonstração do GITA-Grupo de Investigação do Treinamento Psicofísico de Atuantes.
SBPC, PA, 2008.
Bibliografia:
ALENCAR, Cesário Augusto Pimentel de. “As artes marciais utilizadas to treinamento para o
começo da partida do(a) atuante”. Em Revista Digital Art& - ISSN 1806-2962, ano II, número
02, outubro/2004. Disponível em http://www.revista.art.br/. Acesso em 05/07/2005.
__________________________________. The shining self: the actor´s journey from
character to role. 2 Vol. Tese de doutorado. Exeter: University of Exeter, 2003, 471 p.
BARBA, Eugenio; SAVARESE, Nicola (ed.)The dictionary of theatre Anthropology: the
secret art of the performer. London: Routledge, 1991, 272p, p.188.
CARNICKE, Sharon Marie. “Stanislavsky’s System”. In: HODGE, Alison (ed). Twenty
Century actor training. London: Routledge, 2000, 251p , pp. 11-36.
GROTOWSKI, Jerzy. Em busca de um teatro pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1987, 220p.
SARBIN, Theodore R. e VERNON, Allen. “Role theory”. In: LINDZEY, Gardner e
ARONSON, Elliot (ed.) The handbook of social psychology. 2 Vol. London: Addison-Wesley
Publishing Company, 1968.
ZARRILLI, Phillip (Ed.). When the body becomes all eyes: paradigms, discourses and
practices of power in kalarippayattu, a South Indian martial art. New Deli: Oxford University
Press, 2000, 310p."
Fonte: ANAIS DO V CONGRESSO ABRACE - ISSN: 2176-9516 Criação e Reflexão Crítica. Local e Data: Belo Horizonte, UFMG, Campus Pampulha, de 28 a 31 de outubro de 2008. GT Processos de Criação e Experimentação Cênicas. Disponível também em http://www.portalabrace.org/vcongresso/resumostodos.html

sábado, 5 de março de 2011

EXPOSIÇÃO DO GITA NA SEMANA ACADÊMICA/ETDUFPA-2011

EXPOSIÇÃO DO GRUPO DE PESQUISA
GITA
 SEMANA ACADÊMICA

·      Fotografias, Entrevistas, Banners, Objetos, Livros de pesquisa e Filmes.
*Oficina

*Oficina׃15,16, 17,18 de março/2011

Horário׃  18:00 às 20:00h. Local׃SALA 04/STAND GITA




Programação de Exposição do GRUPO GITA ׃de 15 a 18 de março, das 17:00 às 18:00h e das 20:00 às 22:00h.
Informações׃88001705/ rosetunas@gmail.com

ETDUFPA
Trav. D. Romualdo de Seixas, 820
(091) 3212-5050









Grupo DE PESQUISA CADASTRADO:

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

G.I.T.A.





Coordenador:
Cesário Augusto

Cesário Augusto trabalha, desde 1997, com o treinamento do performer em várias modalidades de gênero, poética e estilo do teatro e da dança. Ator, diretor, dançarino, coreógrafo e dublador, atualmente leciona como professor Adjunto 4 na Universidade Federal do Pará (UFPA), em cuja Escola de Teatro e Dança do Centro de Ciências da Arte (ETDUFPA/ICA) orienta o grupo de pesquisa GITA, voltado às artes marciais aplicadas ao treinamento de atuantes cênicos.
Foi professor de interpretação teatral, expressão corporal e linguagem de movimento, história da encenação e do teatro na Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (FADM - DF).
Cesário é graduado em Interpretação Teatral pela UnB, é mestre em Estudos Teatrais pela University of Leeds (orientação: Professor Martin Braham) e PhD em Práticas Performáticas pela University of Exeter (orientador: Professor Phillip B. Zarrilli). Todos os seus estudos de pós-graduação (mestrado e doutorado) foram financiados mediante bolsa-de-estudos conferida, por concorrência, pela agência CAPES, do Ministério da Educação—MEC.
Tem escrito artigos em periódicos nacionais e capítulo nos livros Histórias do Teatro Brasiliense e Teatro Caleidoscópio: um teatro por fazer, além da dissertação de mestrado An Investigation of the Pre-Expressive Level (Uma Investigação do Nível Pré-Expressivo) e a tese The Shining Self - the Actor´s Journey from Character to Role (O Cintilante Self: a Jornada do Ator do Personagem ao Papel).
Orientou, na prática e na teoria, formandos em Bacharelado em Interpretação Teatral na UnB e na UFSM,  cujas pesquisas incluíram o Teatro Épico de Bertolt Brecht, a Voz no Trabalho do Ator, o Serviço do Palhaço, a Commedia dell'Arte, a Performance Multi-Mídia (co-orientação) e a Dança-Teatro de Pina Baush. Orientou e orienta mestrandos no Programa de Pós-graduação em Artes, do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará - PPGArtes/ICA/UFPA.
Cesário também trabalha como ator em teatro, cinema, vídeo e televisão, tanto como partícipe quanto como criador solo. Já treinou, coreografou e dirigiu atuantes em ópera, dança, cinema e teatro.
Apresentou trabalhos solos, dirigidos e atuados por ele, nas cidades de Brasília (BR), Huddersfield (UK), Leeds (UK), Kent (UK) e Exeter (UK).
Atuou em diversos grupos e sob direções de vários diretores, em Brasília, Rio Grande do Sul e Exeter (UK).
Sua mais recente atividade, além da pesquisa e docência, constitui participação no III Fórum de Pesquisa em Arte: Arte, Hibridismo e Interculturalidade (em Belém, PA, de 30/05 a 02/06/2006, de âmbito nacional), pelo Instituto de Ciências da Arte – ICA, com a comunicação "O Híbrido Self Performativo", a ser publicada em livro ensejando este evento a oferta de um curso de treinamento de atuantes utilizando artes marciais na Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC (25/08 a 30/08/2006), a convite da mesma, e atuação no longa-metragem Federal, lançado no 2º semestre de 2010.

Vice-Coordenador:
Edson Silva

Pesquisadores:

Denis Oliveira

Diego Rocha

Ivanilde

Juliana Tourinho

Rose Tuñas

Querela-Eu



A peça teatral “Querela-Eu” uma livre adaptação baseada no romance “Querelle de Brest”, de Jean Genet.

A peça trata do quanto o sujeito é adaptável a diversificados círculos sociais, no uso de sua individualidade intensamente coesa por estados ora ternos, marginais, criminosos, apaixonados, ora voluptuosos e fraternos, na operação de riscos tomados em prol de seu estar partícipe do mundo e, em sendo partícipe, ser o mundo mesmo.

Por ser assim, o sujeito, a credencial e a destruição de pautas sociais, flagra-se que, na peça, a ocasião faz o indivíduo, enquanto o homem já nasce feito.

“Querela-Eu” constitui o primeiro trabalho cênico do GITA - Grupo de Investigação do Treinamento Psicofísico do Atuante.


PHILLIP ZARRILLI


“Phillip Zarrilli é conhecido internacionalmente por seu treinamento de atores fundamentado em processo psicofísico, por meio e através das artes marciais e meditativas asiáticas, bem como diretor de teatro. Além de possuir um estúdio próprio, o Tyn-y-parc C.V.N Kalari, no País de Gales, Zarrilli conduz oficinas pelo mundo afora – incluindo recentes projetos de longa duração no Centro de Estudos sobre Jerzy Grotowski (Polônia), no Festival Internacional de Teatro Seoul (Londres), no Workshop Festival (Londres) no Teatro Nacional da Grécia, no Theatre Training Initiative (Londres), no Theatre Training Initiative (Londres), no Tainan-Jen Theatre Company (Taiwan), no TTRP (Singapura), no Gardzienice Theatre Association [ligado ao polonês Gardzienice Polish Theatre, dirigido por Wlodzimierz Staniewski], Trinity College (Dublin), Universidade de Minnesota (Minneapolis) e Passe Partout (Netherlands), entre muitos outros projetos e associações. Suas produções teatrais de peças escritas por Samuel Beckett in Los Angeles (2000), Austria (2001) e Irlanda (2004) receberam aclamações críticas e prêmios como o de “melhor atriz” e “produção corajosa”, em Los Angeles. Em 2002, Phillip Zarrilli colaborou com a escritora premiada Kaite O’Reily e com o Teatro ASOU (Austria) em performance coletiva Speaking Stones, cuja estréia deu-se na Áustria, em setembro de 2002, e Varsóvia (Polônia) em 2003 – esta última por convite do Centro de Estudos sobre Jerzy Grotowski (Centre of Studies on Jerzy Grotowski). Speaking Stones foi novamente apresentada em Aflez, Áustria,, em 2004. Neste mesmo ano, Zarrilli dirigiu The Water Station, do japonês Ota Shogo, em Singapura, com grupo do TTRP (Theatre Training Reseach Program), na Esplanada dos Teatros na Baía de Singapura (The Esplanade Theatres on the Bay in Singapore). Durante 2005 e 2006, seus trabalhos mais recentes têm incluído As Criadas (Die Zofen ou The Maids), de Jean Genet, na Áustria, e performances do Beckett Project (Projeto Beckett) em viagens pelos EUA e por Singapura.

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Zarrilli também é conhecido por seu trabalho junto a dançarinos e coreógrafos indianos. Em 2002, preparou Walking Naked, com o dançarino bharatanatyam Gitanjali Kolanad, tendo estreado e circulado internacionalmente até 2004, com apresentações em Mumbai, Londres, Seoul, Nova Iorque, Toronto, etc. Em 2003, adaptara e dirigira a farsa Sangalpam, de origem Sânscrita e datada do século sétimo d.C., a pedido da Bharatanatyam companhia de dança-teatro, com apresentações no Purcell Room, Queen Elizabeth Hall (Royal National Theatre, em Londres) e por cidades do Reino Unido. Atualmente, prepara um trecho de performance solo chamada The Fowering Tree, com Gitanjali Kolanad, cuja estréa está prevista para 2006.

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Seus estudos começaram com o kathakali, considerado pela Europa Ocidental e Américas como um tipo de dança-teatro. Por meio de treinamento nesta modalidade, em 1976 e 1977, sob a orientação de M.P. Sankaran Namboodiri em Kerala Kalamandalam [região de Querala do Sul, na Índia]. Tais estudos levaram Zarrilli a entrar em contato com o kalarippayattu[1] 1976-77. aprendido sistematicamente com M.P. Sankaran Namboodiri, no Kerala Kalamandalam. Portanto, os estudos prelimares de Zarrilli voltados ao kathakali o encaminharam para a fonte do treinamento, exercícios e massagens utilizadas pelos praticantes desta dança-teatro – o kalarippayattu.

Zarrilli – considerado o primeiro pesquisador ocidental a pesquisar seriamente o kalarippayattu – começou seu aprendizado em 1976. Então supervisionado e aluno de Gurukkal Govindankutty, no C.V.N Kalari, em Thiruvananthapuram, viveu em Kerala entre 1976 e 1993, em um total de sete anos de idas e vindas aos EUA. Em 1988, foi presenteado com o tradicional pitham [espécie de tamborete], o qual representa as credenciais do seu mestre Gurukkal Govindankutty Nayar. Quando o novo CVN Kalari Sangham fundou-se em 2004, o Tyn-y-parc CVN Kalari é o primeiro local, fora de Kerala, Índia, onde se pratica o kalarippayattu em chão de terra batida específico, o kalari.

[…]

Além do treinamento a longo prazo com seu mestre Gurukkal Govindankutty Nayar, Zarrilli estudou também com Mohammed Sherif (da Kerala Kalarippayattu Academia, Kannur) e Raju Asan (adi-murai). É autor do primeiro estudo autorizado sobre o kalarippayattu, o livro entitulado When the body becomes all eyes [Quando o corpo se torna todo olhos]: paradigms and practices of power in kalarippayattu [paradigmas e práticas de poder em kalarippayattu] publicado pela Oxford University Press (1998/2000). Uma nova edição deste livro está em planejamento, sob a forma de DVD, onde imagens em movimento da prática marcial são adicionadas ao texto.

O Grupo Llanarth foi fundado em 2000 quando Zarrilli se mudou para o REINO UNIDO. Inclui projetos internacionais de extensão, reunindo uma variedade de artistas colaboradores em produções conjuntas ou particulares. O trabalho do Llanarth aplica processos psicofísicos de artes marciais e meditações asiáticas, a fim de obter processos comuns na elaboração de performances. Sediado no Tyn-y-parc, no País de Gales, o Grupo Llanarth tem a direção de Phillip Zarrilli.

Além do trabalho profissional, ensina Zarrilli utiliza sua metodologia de treinamento psicofísico em módulos de ensino para alunos de graduação e pós-graduação do Departamento de Estudos Performáticos da Universidade de Exeter, Inglaterra.[...]

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Algumas publicações de Zarrilli: Kathakali Dance-Drama: Where Gods and Demons Come to Play (com dois videotapes), pela editora londrina Routledge, em 2000.; When the Body Becomes All Eyes: Paradigms, Practices and DIscourses of Power in Kalarippayattu, A South Indian Martial Art, pela editora universitária de Oxford 1998/2000), editor de Acting (Re)Considered: Theories and Practices, pela Routledge (1995/2002), co-autor de Theatre Histories: An Introduction, pela Routledge (2006). Ensaios e artigos em periódicos como The Drama Review, Performance Research, Journal of Dramatic Theory e Criticism, Studies in Theatre and Performance. Editor de Martial Arts in Actor Training (Madison, 1993), co-autor de Indian Theatre: Traditions of Performance (University of Hawaii Press, 1990), co-autor de Wilhelm Tell in America's Little Switzerland (Wisconsin,1987) e The Kathakali Complex: Actor, Performance, Structure (Humanities Pr,1984).

Futuras publicações: The Psychophysical Actor at Work: a post-Stanislavskian Approach, pela Routledge Press, com DVD-ROM feito por Peter Hulton.

Pesquisa por meio da prática: The Beckett Project (junto a Patricia Boyette and Peader Kirk): estréia no Grove Theater, Los Angeles(abril de 1999) e apresentações no Reino Unido; em Cork, Irlanda (no Granary Theatre), no Esplanade Theatres on the Bay, Singapura, no Gilbert Hemsley Theatre, Madison, Wisconsin, EUA. An Evening of Beckett, com o Theatre Asou Graz, na Áustria, 1999.

[…]

[1] Segundo professor Zarrilli, uma das traduções provém do dialeto Malayalam indiano: kalari significa “espaço aberto, lugar, chão batido, campo de batalha”; payattu designaria, alternativamente, “prática, hábito, verbo”. In: ZARRILLI, Phillip B. When the body becomes all eyes. New Dheli: Oxford Press, 2000 (1998), 310p., p.25.



Referências acessadas em 18/08/2006, com livre-tradução, para fins didáticos, feita por Cesário Augusto:

http://www.phillipzarrilli.com/biografy/index.html

http://www.phillipzarrilli.com/

http://www.spa.ex.ac.uk/drama/staff/staff_zarrilli.html